Ano passado fomos para Paris – que sonho! Voltei à cidade depois de exatos 30 anos e me encantei com tudo, como não?
Logo no primeiro dia, uma garoa fina e névoa – um friozinho. Chegamos no final da tarde e eu queria ir direto para a torre Eiffel.Por causa das condições climáticas pouco convidativas não tinha fila nenhuma para a subida. Nenhuma pessoa na minha frente, um verdadeiro milagre. Então, vamos que vamos! Lá em cima fomos brindados com um céu se abrindo e ficamos até o anoitecer, vendo a cidade se transformar em luz aos poucos.
E como em todo ponto turístico que se preze, há uma lojinha de suvenires bem no topo. E lá fui eu, fuçar loja adentro. Adorei uma réplica da torre vermelha, de pintura fosca e tamanho médio. Marido retrucou: “Logo no primeiro dia, Flávia? Você vai achar milhões delas nas lojinhas aí em baixo ao longo dos próximos dias. Compramos depois.” Nem preciso dizer que a frase foi fatídica para o digníssimo esposo.
Torres de muitas cores, modelos e tamanhos pipocavam pela Cidade Luz ao longo da semana que passamos por lá.
Menos a tal vermelha fosca.
E as filas para subir novamente ao topo da torre Eiffel de verdade? Consumiam horas!
Foi quando eu decidi fazer uma última tentativa e fui conversar com o pessoal da lojinha que fica ao pé da torre.
Um moço e uma moça no caixa.
Comecei com o (pouco) que sabia de francês, assuntando se alguém falava inglês e o moço me respondeu afirmativamente. Expliquei que queria comprar a torre média, vermelho fosca, que tinha visto na lojinha do último andar. Ele me respondeu que a torre encantada só existia lá em cima – não disse, marido? – e eu insisti, perguntando se o pessoal lá de cima não poderia enviar um exemplar pelo elevador para eu comprar aqui em baixo.
Eis que a moça, que não falava um super inglês mas tinha entendido muito bem o que se passava, disse: “Eu vou. Você me dá o dinheiro, eu subo e compro a torre para você.”
Nem pisquei. Entreguei o dinheiro e ela se perdeu no meio da multidão, rumo ao atalho designado aos funcionários. Demorou o que deveria demorar, mas ela voltou com o troco e a minha torre linda e tão desejada.
Que ficou ainda mais bonita e especial devido à gentileza extrema desta pessoa que fez com que este suvenir chegasse até mim. Nunca mais vi a tal moça, mas todas as vezes que me lembro desta história peço para que o dia dela seja abençoado.
Agora, de verdade, nem sei o que é mais bacana: a torre ou a história da torre.
E aí, você me pergunta: por que estas coisas acontecem comigo?
Porque eu presto atenção nelas.
Um beijo
PS: marido já sabe que teremos que voltar para Paris pelo menos mais duas vezes para completar a coleção de torres: uma branca e uma azul 😉