Passei este final de semana na casa da minha amiga Flávia, pessoa muito querida e inspiradora. Como sempre, foi uma delícia. Tanto eu, quanto o marido e os filhos tivemos um final de semana dos mais agradáveis, sem tirar nem por.
A casa da Flávia é um capítulo à parte, já mostrei vários detalhes por aqui – é linda, daquelas casas de tirar o fôlego, mas ao mesmo tempo acolhedora – é uma casa como seus anfitriões: nos recebe sempre de braços abertos. Ontem, enquanto tirávamos fotos no finalzinho da tarde, parei ao lado de uma das Cicas (Cyca Revoluta) que ela tem no jardim e falei para o marido que esta era uma das plantas que temos no jardim da casa de campo, em dimensões muito menores, note bem.
A Cica parece uma pequena palmeira, mas na verdade é uma gimnosperma, parente dos pinheiros,e sequóias – como me alertou a Re Portelinha. Em um ciclo de mais ou menos 1 ano, a planta troca toda a sua folhagem por uma nova, mais forte e viçosa, que brota do seu meio. É um processo interessante, e ao mesmo tempo meio assustador; para quem nunca viu acontecer antes a impressão é de que a planta vai morrer.
Aos poucos as folhas atuais perdem o viço, vão amarelando e murchando em um espetáculo triste. Por um tempo, não se vê nada além disto e a sensação de beco sem saída é muito forte. Parece a morte. Mas não é.
Quando aparecem os muitos brotos no miolo da planta fica claro que este é um ritual de passagem, que prepara, protege e prolonga a existência da própria planta. E
Com a gente ocorre o mesmo, por muitas vezes. Há momentos, passagens duras da nossa vida, de tristeza e de provação – em alguns casos, de profunda decepção. Ou de sentimento de injustiça. Nos recolhemos, com as folhas murchas. E a tristeza impera.
Mas lá no fundo, bem no fundo surge a força, que faz brotar os novos, as novas possibilidades, a nova visão e a nova sabedoria. Que vai vicejar se realmente nos livrarmos do antigo, se virarmos a página – e aprendermos com o ciclo que a Cica traça desde a pré história.
Um grande beijo!