Neste final de semana, instalei uma placa de pare como decoração no meio da sala de estar da casa de campo. Eu tinha encomendado a placa há mais ou menos um mês, via internet, do jeito que eu queria – grande, 90 cm de diâmetro, sem ser refletiva, com dois furos para fixação – depois de um processo de “convecimento maridal“. Falei para ele que, por mais estranho que parecesse ter uma placa de trânsito no meio da sala, eu queria comunicar que deveríamos realmente parar – de preocupações, estresses, pressas,… – quando chegássemos lá. Além disso, também argumentei que valia a pena ter uma decoração com mais humor e leveza na casa onde passamos nossos momentos mais descontraídos. Marido topou e abriu, desta forma, caminho para a chegada da placa.
Esta história é bem literal de como a decoração pode falar por nós, mas mesmo sem sinalizar de modo tão claro, nossas escolhas e o nosso fazer em casa também falam (e muito) por nós e sobre nós. Este é o ponto.
Neste mesmo final de semana peguei uma revista Casa Claudia antiga, que trazia uma entrevista com Frances Mayes autora do livro “Sob o Sol da Toscana“, adaptado em um filme que eu gosto muito que mostra as venturas e desventuras de uma americana reformando sua casa na Itália. Na época ela estava lançando um livro sobre o estilo toscano de decoração, “Bringing Tuscaniy Home” , e havia concedido a entrevista para promover a publicação. Entre outras coisas, Frances Mayes afirmava que ” a casa diz muito sobre seus moradores, mesmo que eles não entendam isso“. Era exatamente o que rondava meu pensamento durante todo o final de semana – e como me impressiona que tanta gente ainda tenha medo sobre como, quando e onde decorar. Mesmo quando não achamos que estamos “decorando” estamos expressando um pouco de nós.
A questão da decoração não é somente uma questão de combinação entre cores, formas, volumes e tamanhos. Ela vai muito além, vai da expressão da nossa personalidade, do nosso eu, das nossas necessidades. Já ouvi de gente após visitar casas “de novela” que não imaginavam como as pessoas viviam nelas porque era muito impessoal, não tinha alma. Visitei há pouco tempo uma casa de campo lindíssima de um casal super bem sucedido e não precisei nem perguntar que havia sido feita por um decorador, sem a menor intervenção dos donos; a casa simplesmente não tinha a cara deles, era algo a parte da vida que levavam! E vamos e venhamos: decorador/arquiteto bom mesmo é aquele que entende seus clientes e suas necessidades e usa todo o conhecimento técnico que tem para propor uma solução adequada à quem irá viver na casa, e não somente fazer algo bonito ou da moda.
Então, nada de medo. Coragem e conhecimento para fazer o que é nosso, para traduzir em decoração o que vem do nosso coração.
Este é meu desejo nesta semana.
Para vocês, e para mim.
Grande beijo,