Sempre digo que procuro registrar a “frase da semana” bem próxima ao domingo. E não é uma questão de falta de planejamento ou descaso. Para mim é apenas uma questão de adequação e de ouvidos atentos aos sinais que a vida nos manda. Tanto a frase quanto o texto desta semana me surgiram neste final de semana.
A frase ontem, sábado, entremeada em um livro que acabei de ler e AMEI chamado “O ano em que disse sim”, da Shonda Rimes (a cabeça por trás das séries “Grey’s Anatomy”, “Scandal” e “How to get away with murder”). Há uma palestra do TED com a Shonda que também aproveito para incorporar na abertura deste post. Recomendo, são 18 minutos que valem a pena.
A texto abaixo, do Mário de Andrade chegou até mim através da timeline de uma amiga querida. Apesar de parecer desconectado com a mensagem da Shonda, ele bateu fundo em mim pelo senso de urgência e qualidade em nossas relações.
E por que partilhar duas obras tão distintas? Porque talvez uma delas traga para você as palavras que faltavam para o seu dia.
Um beijo,
“Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
‘As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos’.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa…
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!”
(Mario de Andrade)