[CRÔNICAS DA CASA]

as voltas que a vida dá


Nota introdutória:
Hoje o tema era outro. 
Já tinha até montado o set para fotografar.
Mas não dava.
Eu precisava escrever e, conforme escrevia, eu precisava chorar.
Há exatos quinze anos minha mãe estava morrendo.
O óbito de fato ocorreu entre as 15:00 e as 16:00 h – pela manhã ela estava bem ruim mesmo, agonizando em nossa casa. O processo de (re)diagnóstico do câncer dela foi longo e muito sofrido. De fevereiro a quatro de novembro de 1996 vivi coisas que jamais havia pensado em viver. Oscilei entre a esperança e o vazio, me senti fora do mundo e deslocada de tudo e no final, analisando, perdi a referência do que era a casa, a morada.
Optamos por tratar minha mãe a maior parte do tempo em nossa casa. Isto transfigurou completamente o que era o meu lar, o meu porto seguro. Tubos de oxigênio e gente se revezando em um entra e sai (lembro de meu pai ter feito cópias das chaves de nossa casa para todos os parentes, todo mundo poderia entrar e sair sem avisar).
Isto foi parte do caos, mas também foi parte do consolo. Eu arrumava todos os dias a mesa do café da manhã na copa na esperança de um dia minha mãe descer do quarto para tomar café conosco (o que nunca aconteceu). Mas um dia eu caí da escada e ela reuniu todas as forças que só uma mãe tem para ir me buscar, mesmo doente e super abatida. A Lala levava vários dias o jantar para nós – os capeletti in brodo eram inesquecíveis. E foi ela a primeira pessoa que me abraçou quando eu contei que minha mãe tinha morrido. E que continua me abraçando até hoje.
Minha mãe foi (e é) muito determinante em minha vida. Várias postagens daqui falam da minha relação com ela e no editorial das duas primeiras revistas eu falei dela.
Sou o que sou por causa da presença dela dela e também pela falta que ela me fez nestes últimos quinze anos.
Muita coisa aconteceu: saí de casa, estudei, casei, virei mãe, tive a minha casa.
Sempre me importei com a casa porque além de perder a mãe, perdi a casa que eu morava, meu porto seguro, quando as coisas tornaram-se graves. Todos os conceitos e ideias que tenho sobre o morar, a beleza e a importância das pequenas coisas da casa como coisas da vida são muito mais do que palavras de marketing ou conceitos tirados de livro. São aprendizados de coisas que eu vivi e aprendi a valorizar.
Por isto tudo o que escrevo e vivo.
Por isto é que eu sou assim.
Hoje, passados quinze anos, não tinha a angústia da morte eminente.
Tem uma correria doida de preparação para a participação que farei ao vivo na Gazeta daqui a pouco e a preparação para a outra gravação que farei à tarde. Quase não tinha tempo para escrever (para completar, houve uma intervenção atrapalhada do zelador do prédio ao interfone) mas precisava fazê-lo.
Era urgente para mim.
Mas o mais importante aconteceu pela manhã, mais cedo: quando tinha que escovar alguns dentinhos enquanto me colocavam um binóculo de brinquedo ou quando tive que olhar a mochila da Barbie cheia  de “maquiagem contrabandeada”.
Não vou negar que a saudade fica e, volta e meia, dói.
Mas a vida dá muitas voltas e, muitas vezes, para a melhor.
Um beijo

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