contra o mau olhado…

Silvério trabalha aqui no prédio.

A princípio ele intimida pelo tamanho e pela voz grossa. 

Mas com o passar do tempo – ah!, o tempo, este sábio – descortina-se uma pessoa doce e muito sensível. 

Ele adora plantas. Entende de muitas e tem “o dedo verde” – além de uma conversa boa, para dividir tudo o que sabe.

De vez em quando ele faz uns bicos aqui no prédio, cuidando das floreiras dos apartamentos. E foi ele quem veio cuidar da minha, tirando todo o matagal que lá brotava (eu havia “desistido”da floreira por una anos) e revitalizando as plantas.

Neste dia, enquanto batia papo com ele, tive um “estalo de Vieira” e resolvi plantar as mudas de espada de São Jorge. E foi aí que a conversa descambou para plantas que “protegem as pessoas”.

Minha mãe sempre dizia que era simpático levar flores para a pessoa que estávamos visitando – as preferidas dela eram as violetas africanas. Tempos depois, li que o costume de levar flores vinha da crença que elas absorveriam a energia negativa que porventura viesse para a casa, protegendo os donos do lugar. Era uma forma de proteção com graça e cor e, algumas vezes, perfume.  Também já tinha ouvido dizer que rosas que eram dadas com muito amor duravam por muito tempo – e esta eu comprovei na pele.

Mas voltando ao Silvério e à nossa conversa…

Ele me confidenciou uma crença, que passou de geração em geração na família dele: que as avencas também eram capazes de absorver o mau olhado, a energia ruim. Se alguém chega com olho gordo em sua casa elas murcham – e protegem você e seu lar. Depois, guerreiras que são, voltam com força, brotando e continuando o ciclo.

Gostei da história e gostei mais ainda da confidência. Comprei minhas avencas (sim duas, não consegui me decidir entre a de folha larga e a de folha pequena), replantei e estou cuidando.

Não julgue o livro pela capa : atrás da aparência frágil e delicada da planta, tem uma força grande e poderosa.

Beijo grande