E daí que ontem eu fui ao terapeuta que me atende mensalmente e a única coisa que eu consegui dizer para ele foi que tive a sensação de ter vivido 6 meses no período de 30 dias que separou uma consulta da outra. Setembro já chegou com tudo, o ano passou voando, a copa aconteceu, as eleições prometem bagunça e confusão e, daqui a pouco, pumba! É Natal e o coro de “hoje é um novo dia…” vai ecoar TV afora. Pluft! Em um piscar de olhos, bye, bye 2014.
Meus últimos dias se configuraram em uma grande montanha russa emocional, dias de choro e desespero profundo – que dificilmente registro por aqui porque acredito que tenho que escrever o que é bom e não o que magoa – entremeados com dias de grande alegria (que pelos mesmos motivos explicados acima, viraram post de alguma forma). O fato é que tive pouquíssimo tempo para contemplar o belo e o simples até desabar em algum sofá ou cama da minha casa, invariavelmente exausta.
O primeiro semestre foi o extremo oposto para mim. Um marasmo total, uma apatia grande e uma falta de energia fluindo que também me esgotavam. Não dormia – porque não devia estar cansada – e nem criava, porque não conseguia me inspirar. A gente é complicada, não é mesmo?
E no meio do vai e vem, oscilando entre o lá e cá, consegui ter alguns minutos de paz aqui em casa em plena sexta à noite. Estava com a milha filha, que de longe é a pessoa mais zen de toda a casa, batendo papo e falando de amenidades. Foi só então que me dei conta que atrás de mim, acomodados no meu vaso xodó, estavam alguns ramos de mosquitinhos (Gypsophila paniculata) secos até não poder mais. Eles chegaram com um buquê de flores que, de acordo com meu Instagram, ganhei há 15 semanas e que continuaram aqui em casa totalmente Highlander, sem ninguém tomar atitude e colocá-los em definitivo no lixo.
Achei digno perpetuar os tais mosquitos-resistentes ao invés de descartá-los para sempre. Laço de fita na mão, amarrei-os à grade da lareira “inspirada” por vários arranjos com flores e folhas secas que vi em casas européias.
Gostar ou não, adotar algo assim para a sua casa ou não é problema único e exclusivo de cada indivíduo, quem sou eu para ditar regra na casa de alguém. Meu empuxo na sexta foi estético, pensar em fazer algo no estilo provence cottage, mas, na real, o que os mosquitos pendurados de ponta cabeça me trazem é uma tremenda calma diária. Passo por eles várias vezes e quando os noto, de canto de olho, lembro das flores, do sentimento e da alegria. Consigo me acalmar e me aquietar, mesmo que seja por 5 segundos.
E consigo recordar, com alegria, que a beleza da vida é feita de pequenos recortes de simples detalhes.
Um beijo,